sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O futuro dos hotéis de luxo será o fundo do mar

Escrito pela BBC

Quartos submersos são conectados por elevador a disco na superfície
(Foto: BBC/Deep Ocean Technology)

O futuro dos padrões de luxo em hotéis pode estar nas profundezas, e não nas alturas. No lugar de suítes na cobertura, as acomodações mais exclusivas podem, em breve, estar localizadas seis metros ou mais abaixo da superfície do mar.
A ideia de dormir perto dos peixes pode parecer perigosa, mas a tecnologia necessária para a construção de quartos submarinos já está provada e bem estabelecida.
É o que diz Robert Bursiewicz, diretor da Deep Ocean Technology, uma empresa polonesa que está planejando um hotel subaquático chamado Água Discus.
O prédio pode ser rebocado para um local apropriado e colocado em suportes fixados no mar.
Os 22 quartos com vista para o fundo do mar formam a circunferência de um disco subaquático, ligados por elevador e escadas a outro disco semelhante acima da superfície contendo outras instalações do hotel.
"Hoje em dia é possível construir submarinos que vão mais fundo do que 500 metros abaixo da superfície do mar, de modo que construir um hotel subaquático não é um problema", diz Bursiewicz.
Na verdade, o desafio técnico de construir um hotel subaquático pode ser menor do que um submarino porque é improvável que os hotéis sejam instalados a uma distância da superfície maior do que 15 metros de profundidade -- mesmo porque as cores, com exceção do azul, costumam a desaparecer a profundidades maiores do que 15 metros, porque a água age como um filtro para a luz solar.
Os quartos precisam estar em águas relativamente rasas para que se tenha uma vista mais espetacular e colorida da vida marinha.
"Queremos ter quartos a uma profundidade de cerca de 10 metros porque esta profundidade proporciona um bom ambiente em termos de cores", diz Bursiewicz.
Silêncio no mar
Um desafio maior do que manter a água fora da estrutura é não deixar escapar os ruídos inevitáveis gerados por um hotel subaquático.

Isso é importante, pois um ambiente ruidoso pode perturbar e assustar os peixes e outras criaturas marinhas.
Bursiewicz diz que este problema pode ser superado quando são tomados os cuidados apropriados ainda na fase inicial do projeto, garantindo que itens como banheiros, bombas e equipamentos de ar condicionado, que geram ruídos, sejam acomodados no centro da estrutura subaquática.
Também é importante que um hotel subaquático esteja em conformidade com as leis locais e isso pode ser complicado porque há poucas legislações que contemplam esse tipo de construção.
"Cada país tem diferentes regulamentações para questões diferentes", diz Bursiewicz.
"Mas é possível pensar em nosso hotel como uma espécie de dispositivo marinho, como um submarino, um navio, ou, talvez, como uma construção offshore, como uma plataforma de petróleo."
Encontrar um local onde um hotel subaquático pode encontrar os fundamentos legais para ser posicionado também pode ser difícil.
Segundo Alexandros Ntovas, especialista em direito marítimo da Universidade de Southampton, para que uma estrutura dessas seja construída na Grã-Bretanha, é preciso que esteja posicionada a pelo menos 12 milhas náuticas (cerca de 22 km) da costa do país, que tenha a permissão das autoridades e que não contrarie leis internacionais que regulamentam proteção e preservação do meio ambiente marinho.
Mas, por enquanto, não há planos de se construir um hotel subaquático em águas britânicas.
Entrega de pizza
As águas mais quentes do sudeste dos Estados Unidos são muito mais adequadas, e uma pousada, Jules' Undersea Lodge, que tem apenas dois quartos e fica perto da costa da Flórida, tem recebido hóspedes a mais de nove metros abaixo da superfície do mar desde 1986.

Durante a década de 70, a construção foi usada como um laboratório marinho em águas porto-riquenhas.
Ao contrário do Deep Ocean Technology, toda a estrutura do hotel americano fica embaixo d'água, sendo acessível somente a nado usando equipamentos de mergulho.
A empresa que opera o hotel também oferece um curso de três horas de mergulho para iniciantes, o suficiente para que hóspedes saibam como entrar e sair do hotel.
Sob a perspectiva de gestão hoteleira, Teresa McKinna, diretora financeira do Jule's Lodge, diz que coisas simples, como limpeza e mudança de roupa de cama, podem ser um desafio embaixo d'água.
"Temos que colocar tudo em caixas à prova d'água e acrescentar pesos para que não flutuem", diz McKinna.
O hotel dispõe de caixas à prova d'água de vários tamanhos, de modo que pizzas podem ser entregues por mergulhadores aos hóspedes na hora do jantar.
O mais recente quarto de hotel subaquático a ser inaugurado fica no Manta Resort, na Tanzânia, na costa da Ilha de Pemba.
Ao contrário do Água Discus ou do Jules Undersea's Lodge, a estrutura não é fixada ao fundo do mar.
Em vez disso, o quarto está ligado a um bangalô flutuante, que fica ancorada ao fundo, como um barco.
Os hóspedes entram no quarto do hotel por uma escada a partir da estrutura flutuante.
Mikael Genberg, seu criador, explica que a razão para isso foi a segurança.
A maré é bem alta na Ilha de Peba, o que significa que a corrente causaria um grande desgaste na estrutura fixada no leito do mar.
"E o quarto em si poderia também estar em risco, já que algo, mais cedo ou mais tarde, quebraria. Por isso, construímos algo ligado à superfície", diz Genberg.
Para ele, como tudo, é uma questão de matemática.
"Há vários parâmetros que você tem de calcular para hotéis que crescem para cima. A única diferença é que, no nosso caso, eles crescem para baixo."

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